Escute trecho do poema “Um cadáver de poeta”, de Manoel Antônio Álvares de Azevedo
26 DE janeiro DE 2022O Leitura ao Pé do Ouvido traz o poema “Um cadáver de poeta”, de Manoel Antônio Álvares de Azevedo. O autor foi um escritor da segunda geração romântica, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta.
O poema está no livro “Poemas Malditos”, publicado em 1831. Você pode acessá-lo aqui.
Trecho:
"De tanta inspiração e tanta vida
Que os nervos convulsivos inflamava
E ardia sem conforto...
O que resta? uma sombra esvaecida,
Um triste que sem mãe agonizava...
Resta um poeta morto!
Morrer! e resvalar na sepultura.
Frias na fronte as ilusões—no peito
Quebrado o coração!
Nem saudades levar da vida impura
Onde arquejou de fome.. sem um leito!
Em treva e solidão!
Tu foste como o sol; tu parecias
Ter na aurora da vida a eternidade
Na larga fronte escrita. . .
Porém não voltarás como surgias!
Apagou-se teu sol da mocidade
Numa treva maldita!
Tua estrela mentiu. E do fadário
De tua vida a página primeira
Na tumba se rasgou...
Pobre gênio de Deus, nem um sudário!
Nem túmulo nem cruz! como a caveira
Que um lobo devorou!"