Saiba tudo sobre os bastidores da criação de videogame sobre obra de Lima Barreto
23 DE novembro DE 2020[caption id="attachment_66052" align="aligncenter" width="848"] Foto: Reprodução.[/caption]
O primeiro contato dela com a obra deu-se quase por acaso, quando se deparou - ao lado do parceiro na empresa Game e Arte, Jaderson Souza - com o conto publicado em quadrinhos. Na história, Barreto, que era crítico feroz da República Velha, faz uma paródia à corrida do ouro americana para ridicularizar o comportamento ambicioso e subserviente dos brasileiros. E o primeiro passo foi escolher um personagem que encabeçasse os movimentos do jogo, passando também pela seleção de cenários e o tipo de "fotografia" das cenas/telas. Tudo a partir, como frisa Tainá, de muita pesquisa (inclusive nos cemitérios da Consolação e do interior paulista). A trilha sonora também constou entre os aspectos aprofundados nesta coleta de informações e não foi por acaso a seleção da chorinhos de Chiquinha Gonzaga para embalar o jogo.
Entre as etapas destacadas por ela constou também a transformação de toda a narrativa em verbos, para que a transferência da ação na história ocorresse de forma a contribuir para o fluxo do videogame. O que são consideradas as jornadas do herói (o caminho traçado pelo protagonista) e o plotar o jogo (estrutura deste trilhar) foram fases do desenvolvimento igualmente detalhadas.
[gallery type="rectangular" size="full" ids="66053,66027,66046,66041,66044,66042,66045,66043,66047"]
No bate-papo, Tainá frisou o fato de Lima Barreto escolher as pessoas consideradas "invisíveis" como personagens em suas obras. E sobre este viés conceitual, a criadora reforçou que acredita no poder de transformação dos games independentes, principalmente como espaço onde as pessoas possam se expressar e se sentir representadas. Neste contexto, a empresa que criou com Jaderson, segundo ela, visa trazer histórias que reforcem os valores relacionados à decolonialidade e contribuam para a reflexão da sociedade sobre o lugar de fala e a circulação de obras de maneira não hegemônica.
[caption id="attachment_66037" align="aligncenter" width="817"] Foto: Reprodução.[/caption]
[caption id="attachment_66058" align="aligncenter" width="702"] Foto: Reprodução.[/caption]
O encontro foi finalizado com uma sessão de perguntas e respostas. Michela, de Marília, no interior de São Paulo, pediu dicas para o filho, que está no Ensino Médio e sonha em trabalhar na criação de roteiro de jogos. A participação em eventos como o do Sesc Digital (veja abaixo) e das edições do Global Game Jam Online (encontros coletivos de construção de videogames) constaram entre as sugestões. Os participantes também quiseram saber quais são os novos projetos da criadora, que compartilhou outras de suas obras (os jogos "Amora" e "Pandemia") e falou do lançamento - previsto para 2021 - de um livro com crônicas sobre os 10 anos da empresa Game e Arte. Tainá é pós-graduada em Gestão Cultural pelo Senac-SP, bacharel em Teatro pelo curso de Comunicação das Artes do Corpo, na PUC-SP, e atriz formada pelo Teatro Escola Macunaíma.
Confira alguns dos links apresentados durante a oficina, como referências:
http://www.gamehunikuin.com.br/
https://sesc.digital/colecao/55713/lugar-de-jogo
The New California no Steam (steampowered.com)
Amora no Steam (steampowered.com)
Pandemia no Steam (steampowered.com)
Perdeu a atividade e se interessa por games? Dentro da programação online da Biblioteca de São Paulo, João Varella comandará aula expositiva sobre os jogos eletrônicos no dia 30 de novembro, das 19h às 20h e você fica por dentro das informações e inscrições, clicando aqui. As vagas são limitadas.