Rodrigo Ribeiro Barreto analisa o lugar LGBTQIA+ no videoclipe brasileiro
05 DE abril DE 2021As aulas visam apresentar um recorte histórico da produção brasileira de videoclipes, na segunda década do século XXI, quando se intensificou a atuação de artistas assumidamente pertencentes à comunidade LGBTQIA+. Nessa abertura dos trabalhos, Barreto detalhou questões como identidade e expressão de gênero, orientação sexual e comportamento, além de exemplos de vídeos disponíveis no YouTube.
Barreto começou por desdobrar a sigla LGBTQIA+:
[caption id="attachment_68099" align="aligncenter" width="943"] Reprodução.[/caption]
O lugar, indicado no título da oficina, também mereceu explicação, pois Barreto acredita que esse espaço LGBTQIA+ refere-se não só à oportunidade e visibilidade de direito para a comunidade, como também à disposição de agentes da cultura pop e da representação cultural dentro desse setor. Sobre representatividade, o professor tratou da polêmica questão de atores e atrizes que não são obrigatoriamente LGBTQIA+, mas interpretam personagens homossexuais e transexuais, por exemplo. Para ele, é necessário não perder de vista igualmente a questão econômica, de oportunidade de trabalho para esses protagonistas das produções.
Barreto traçou um histórico do surgimento dos videoclipes que, desde a década de 1980, são campo fértil tanto para a indústria cultural (dos gêneros/ritmos de massa) quanto para as correntes culturais consideradas alternativas. O domínio da força da performance encontrou seu ambiente ideal nessas produções, como ressaltou. E da televisão para a Internet, com o YouTube, o crescimento não passou sem que a indústria reconhecesse sua importância. Entre as referências de estudiosos do tema, especificamente ou dos assuntos relacionados com a oficina, Barreto citou "Gender Politicts and MTV", de Lisa A. Lewis (sobre as obras de Pat Benatar, Cindy Lauper, Tina Turner e Madona), e de Chris Straayer sobre a "mitologia do homem gay".
As tendências progressistas e transgressoras dos videoclipes também foram alvo das explanações que destacaram as trajetórias de David Bowie e Elton John, personalidades com identidades presumidas ou assumidas. E exibiu as produções "Diaba" e "Montero (Call me by my Name)", além de citar Linn da Quebrada e Holland, primeiro astro do K-Pop assumidamente gay.
Desde 2014, Barreto é professor-adjunto da Universidade Federal do Sul da Bahia, no campus de Porto Seguro, com atuação na área de Humanidades e Artes. Na UFSB, ele ministra aulas nos seguintes cursos: Bacharelado Interdisciplinar de Humanidades; Licenciatura Interdisciplinar de Ciências Humanas, Sociais e suas Tecnologias e Som, Imagem e Movimento. Seu trabalho pode ser dividido em quatro eixos: interpretação e elaboração de diferentes tipos de obras audiovisuais; discussão de questões estéticas, poéticas e analíticas; abordagens sobre a contemporaneidade e identidades; e questões de gênero e sexualidades. O professor disponibiliza playlists no YouTube e, para conferi-las, clique aqui.