Oriundo da nobreza, La Fontaine deixou legado de fábulas, contos e poemas
08 DE julho DE 2020Sob o reinado de Luís XIV, La Fontaine escreveu 243 fábulas em versos, divididas em três coleções, publicadas em 1668, 1679 e 1694. Elas são caracterizadas por serem, em grande parte, protagonizadas por animais antropomórficos (com características de humanos), pela defesa da astúcia e por apresentar uma moral. Confira abaixo uma delas:
O Lobo e o Cão (adaptação em prosa)
Um lobo e um cão se encontraram num caminho. Disse o lobo:
— Companheiro, você está com ótimo aspecto: gordo, o pelo lustroso…
Estou até com inveja!
— Ora, faça como eu — respondeu o cão. — Arranje um bom amo. Eu
tenho comida na hora certa, sou bem tratado… Minha única obrigação é latir
à noite, quando aparecem ladrões. Venha comigo e você terá o mesmo tratamento.
O lobo achou ótima ideia e se puseram a caminho.
Mas, de repente, o lobo reparou numa coisa.
— O que é isso no seu pescoço, amigo? Parece um pouco esfolado… —
observou ele.
— Bem — disse o cão — isso é da coleira. Sabe? Durante o dia, meu
amo me prende com uma coleira, que é para eu não assustar as pessoas que
vêm visitá-lo.
O lobo se despediu do amigo ali mesmo:
— Vamos esquecer — disse ele. — Prefiro minha liberdade à sua fartura.
Antes faminto, mas livre, do que gordo, mas cativo.
Além disso, ele é o autor de "Contes et nouvelles en vers" (Histórias e contos em verso), publicado pouco antes da primeira coleção de fábulas. Ingressou na Academia Francesa em 1684. Seu trabalho faz parte do movimento emergente à época do classicismo, caracterizado pela busca da ordem, pela imagem do "homem honesto" e pela importância da razão.
Doze anos mais tarde, já muito doente, La Fontaine decidiu resgatar seu interesse pela religião. Pensou em escrever uma obra sobre fé, mas não conseguiu. Morreu em 13 de abril de 1695, em Paris.