Maria Valéria Rezende vence Prêmio São Paulo de Literatura com 'Outros Cantos'
08 DE novembro DE 2017Realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, o Prêmio São Paulo de Literatura é peça fundamental das políticas estaduais de incentivo à produção literária, sendo o maior do Brasil em premiação individual.
Como ganhadora geral, Maria Valéria Rezende receberá R$ 200 mil, enquanto Franklin Carvalho e Maurício de Almeida levam R$ 100 mil cada. Como prêmio adicional, os três participarão da Feira Internacional do Livro de Guadalajara. Sobre a obra de Maria Valéria Rezende, o júri do Prêmio afirmou que “Outros Cantos enfrenta questões contemporâneas que revelam-se profundamente complexas”.
Esta edição do Prêmio contou com finalistas dos seguintes estados: Bahia, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo.
Ao todo, 201 livros participaram da competição: 98 livros na categoria principal, “melhor livro do ano”, 55 para “autor estreante – mais de 40 anos” e 48 para “autor estreante – menos de 40 anos”.
A ênfase no romance é uma característica do Prêmio São Paulo de Literatura desde sua criação, em 2008, inspirado no britânico Man Booker Prize.
Justificativas do júri
Melhor Livro do Ano de 2016
Maria Valéria Rezende, Outros Cantos, (Editora Alfaguara)
“Outros cantos enfrenta questões contemporâneas (a questão da água, os modismos televisivos, a idealização dos discursos, o consumismo, etc.) praticas simples, cotidianas, quase atemporais, que, no entanto revelam-se profundamente complexas e investidas de uma memória da vida afetiva nos desertos”.
Melhor Livro do Ano de 2016, autor estreante com idade de até 40 anos
Maurício de Almeida, A Instrução da Noite, (Editora Rocco)
“É o relato sem sentimentalismo da experiência de um filho procurado pelo pai que o abandonou na infância. O autor constrói uma prosa metafórica e poética. Para escapar ao egotismo, o relato na primeira pessoa é dirigido à irmã que escapou à tragédia familiar. A relação entre pai ausente e o filho, para sempre imaturo, transcende o âmbito do individual pela criação de um ambiente sombrio de chuva e ruína, dramático e envolvente. O mérito do autor é ser conciso e despretensioso”.
Melhor Livro do Ano de 2016, autor estreante com idade acima 40 anos
Franklin Carvalho, Céus e Terra (Editora Record)
“Relato tributário do realismo mágico, em que, por toda a vila, cresce a fama de milagreiro do menino morto, o qual, enquanto narrador, acompanha os acontecimentos locais mais ou menos folclóricos.
Afirmação de sentido telúrico da vida, na qual as forças da natureza irreversíveis se recriam e ultrapassam os eventos humanos.
Visão edificante, em que a morte encontra a sabedoria e permite uma visão da totalidade da vida”.
Júri inicial e Curadoria
O júri inicial foi composto por 10 profissionais ligados à área do livro e da leitura, incluindo livreiros, editores, escritores, acadêmicos e críticos. Os jurados foram: Adriano Schwartz, Claudia Abeling, Hélio de Seixas Guimarães, Jiro Takahashi, José Luiz Chicani Tahan, Luiz Fernando Telles, Maria da Aparecida Saldanha, Paula Valéria Andrade, Regina Pires de Brito e Vanessa Ferrari.
Já os curadores do Prêmio têm, dentre outras, a responsabilidade de compor o corpo de jurados (inicial e final) e avaliar se os livros inscritos atendiam ao regulamento do concurso. Os curadores desta edição do Prêmio são: Antonio Carlos de Moraes Sartini, Lígia Fonseca Ferreira, Samuel de Vasconcelos Titan Junior, Sandra Regina Ferro Espilotro e Rogério Pereira.
Sobre o júri final
Responsável pela definição dos três vencedores, o júri final do Prêmio São Paulo de Literatura foi composto pelos seguintes profissionais do segmento literário: Alcir Pécora, professor titular de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas e membro da Accademia Ambrosiana de Milão, junto à Seção Borromaica; Alonso Alvarez, poeta, editor, autor de literatura infantil e juvenil, assessor do gabinete para o Livro e Leitura da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e criador da Livraria Artepaubrasil; Cintia Alves, mestranda em Pedagogia do teatro pela ECA/USP e Bacharel em Direção Teatral, pedagoga, pós-graduada em Jogos Cooperativos e pesquisadora de acessibilidade estética; Flavio Cafiero, dramaturgo, escritor e professor de escrita criativa; e Leyla Perrone-Moisés, professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, tendo lecionado literatura francesa na PUC-SP e na USP e ministrado cursos de teoria literária e literatura francesa, portuguesa e brasileira em várias universidades estrangeiras.