No mês da Consciência Negra, o convidado do Segundas Intenções Online é Marcelo D´Salete, autor de histórias em quadrinhos, ilustrador e professor. O bate-papo está marcado para 23 de novembro, das 19h às 20h e tem transmissão ao vivo na nossa
página no Facebook (@BVLbiblioteca).
Entre as obras de Marcelo constam “Cumbe”, que aborda o período colonial e a resistência negra contra a escravidão no Brasil, e “Angola Janga – Uma História de Palmares”, que trata dos antigos mocambos da Serra da Barriga, mais conhecido como Quilombo dos Palmares. O primeiro título faturou o Eisner Awards 2018 e o segundo ficou com o Prêmio Jabuti 2018. "Encruzilhada", relançado em 2016, trata de violência, jovens negros e discriminação em grandes cidades. A bibliografia de Marcelo conta ainda com "Noite Luz", que reúne seis HQs: "Noite Luz", "Entre Rosas e Estrelas", "Buldog", "Sexta", "O Patuá da Dadá" e "Graffiti".
Confira, a seguir, um breve bate-papo* com Marcelo:
Você, que comanda tantas oficinas e compartilha seus saberes, quais dicas daria para quem está começando nos quadrinhos? Penso que é muito importante ter uma rotina de estudo, de pesquisa e prática: praticar o desenho, o uso de cores, o desenho de observação, de pessoas, de objetos. Mas, além disso, também aprender a contar histórias. Neste caso, ajuda muito a leitura, o cinema, bem como a leitura na área de literatura e na área dos quadrinhos também. Diria que, então, além de aprender muito bem praticando, fazendo o desenho e os quadrinhos, é importante aprender também a partir da leitura, da apreciação de outros quadrinistas que você admire.
Quais as suas referências nas HQs? E o que não pode faltar em uma bibliografia básica nesta área? As minhas referências nos quadrinhos vão de artistas como Flávio Colin, Hugo Pratt, Michelanxo Prado, Peter Kuper, Marcelo Quintanilha, André Kitagawa, João Pinheiro, Wagner Willian, entre vários outros.
Como tem sido o processo de escolha dos temas abordados em suas histórias? E qual a importância da pesquisa neste caminho de escrever? O meu processo de elaboração das histórias em quadrinhos leva em conta um bom período de pesquisa dos temas que eu acabo abordando (aqui, Marcelo destaca os livros "Cumbe" e "Angola Janga" - Foi necessária uma grande pesquisa histórica para chegar nestes livros). Acho que, com o tempo, a necessidade de pesquisa - de se aprofundar nestes temas - foi ganhando cada vez mais importância no meu processo de criação dos livros. E, aos poucos, fui percebendo que cada um me abria todo um universo de referências, de questões para pensar em arte e formas de contar histórias e em coisas que, enfim, não estava vendo nas histórias em quadrinhos. A pesquisa é uma forma de você se aproximar um pouco mais tanto de questões históricas quanto te possibilita aprofundar e chegar em novas formas de recontar algumas histórias. É algo essencial dentro de um projeto de um livro.
O que está lendo neste momento e qual a razão desta escolha? Olha, eu tenho lido diversos livros concomitantemente. Ultimamente, eu estou muito interessado em pesquisar principalmente o Brasil do século XIX. Isto tem sido algo importante dentro da minha trajetória e dos projetos futuros também. Então, dois livros que eu acho que são interessantes para compreender um pouco este período - que eu acho que vale à pena citar - são: um de Ana Flávia Magalhães ("Escritos de Liberdade", que fala sobre a atuação de diferentes literatos negros no século XIX, abordando autores como Luiz Gama entre vários outros) e o outro livro de Marcelo Balaban ("Poeta do Lápis", que fala sobre um personagem importantíssimo para as histórias em quadrinhos no Brasil que foi Angelo Agostini).
O autor tem
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* entrevista transcrita a partir de áudio.