História do carnaval é base para oficina de escrita de crônicas
03 DE dezembro DE 2020O próximo carnaval foi adiado em várias partes do País em função da pandemia. A folia, que é paixão de muitos brasileiros, teve seu espaço garantido na programação da BVL, mas sem aglomerações e, sim, configurando tema da oficina online de escrita de crônicas, iniciada no dia 1º (inscrições encerradas): uma maneira de estudar e se divertir com o assunto, como salienta Danielle Crepaldi Carvalho, que comanda a atividade. A oficina - intitulada História e escrita de crônicas: um percurso pelo Carnaval a partir da produção cultural realizada no Brasil - vai até 10 de dezembro e faz parte do projeto Literatura Brasileira no XXI, realizado em parceria com a UNIFESP.
A primeira aula traçou um panorama histórico sobre o carnaval no Brasil, com exemplos dos períodos do Império à Quarta República. Danielle destacou as raízes do festejo, que nasceu como uma espécie de campo de embate e tratou até das origens na Antiguidade Romana. A professora é Pós-doutora pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-SP), estudiosa do tema. e Doutora pela Universidade de Campinas (UNICAMP), com teses centrada na análise de crônicas a respeito do cinema e de dispositivos ópticos afins.
A chegada da festa ao Brasil colonizado e escravizado tomou grande parte do primeiro encontro. Danielle detalhou como a sociedade no País convivia com as imposições da elite imperial e refletia esse cenário na criação de um carnaval com usos e costumes bem peculiares da época. A professora apresentou uma série de imagens que ilustraram o cotidiano dos festejos, no decorrer do tempo pelo mundo, tratou das bacantes e de situar o festejo como espaço de catarse, experimentação e excessos. Confira abaixo algumas delas:
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Danielle trouxe para a aula online reproduções de imagens que contribuem para que compreendamos melhor os elementos do carnaval nos seus primórdios, como, por exemplo, as bolinhas com água de cheiro. A representação desse campo de inversão e no qual é possível experimentar o outro, como ressaltou, deixa clara a prática dos rostos pintados, a farinha sendo jogada nas pessoas e a participação dos escravos nos entrudos.
[caption id="attachment_66281" align="aligncenter" width="702"] Foto: Reprodução.[/caption]
Estes costumes de atirar água (água de cheiro ou outros líquidos) foram sendo transformados com o passar dos anos. Na foto acima, Danielle apontava, durante a aula, que os escravos brincavam com os pés descalços e costumavam também vender e comprar (preços eram reduzidos) essas bolas - também chamadas de limão de cheiro, além de usar polvilho no rosto muitas vezes.
No primeiro encontro virtual sobre o tema, a introdução histórica deu lugar também à apresentação de crônicas propriamente ditas, com destaque para a localização desses conteúdos dentro das publicações e, claro, seus teores. Veja os exemplos:
[caption id="attachment_66293" align="aligncenter" width="1010"] Foto: Reprodução.[/caption]
[caption id="attachment_66292" align="aligncenter" width="909"] Foto: Reprodução.[/caption]
Os participantes estão sendo incentivados, durante as aulas, a escreverem textos cronísticos que “pensem” as obras discutidas em contraponto com o nosso atual contexto. O conteúdo, depois de passar pela curadoria da professora, poderá ser visto no site do projeto Literatura Brasileira no XXI. E quem são estes participantes? Com interesses diversos no assunto, a arquiteta Leila conta que procurou a oficina porque costuma escrever sobre design brasileiro e costuma se debruçar sobre a parte histórica do carnaval, principalmente cenografia e as relações espaciais da festa. Já Vivian tem formação na área jurídica e, como sempre gostou de produzir escritos, está agora apostando em atividades que exercitem sua criatividade, além da científica e profissional. Ana, por sua vez, é uma carioca vivendo na Bahia, com músicos na família e que tem o carnaval sempre como tema na vida.
E você? Perdeu esta oficina? Fique de olho em nossas programação online e presencial no site e redes sociais da biblioteca. Sempre há oportunidade de compartilhar, aprender e exercitar saberes.
[caption id="attachment_66302" align="aligncenter" width="702"] Danielle Crepaldi Carvalho. Foto: Reprodução.[/caption]