Em oficina, Sérgio Alpendre mostra relação entre palavra e cinema
23 DE dezembro DE 2020Em quatro encontros virtuais, realizados em meados de dezembro, dentro da programação da Biblioteca Parque Villa-Lobos, o jornalista e crítico de cinema Sérgio Alpendre demonstrou como a palavra escrita e o cinema estão profundamente ligados. Participaram das aulas cerca de 30 alunos de várias partes do país.
"O curso foi uma oportunidade de debatermos uma série de coisas nessa relação entre palavra e imagem", disse o professor, após a conclusão das aulas. "Nesse sentido, o resultado me surpreendeu, pois pudemos passar por diversas questões que envolvem o tema e nos aprofundar nelas."
Dos intertítulos do cinema mudo que vez ou outra são usados como estilo -- como fazem Woody Allen, Tarantino e Scorsese -- à intertextualidade de cineastas como Jean-Luc Godard, Júlio Bressane e João César Monteiro, Alpendre passou por alguns filmes que valorizam a palavra tanto quanto a imagem para criar poesia cinematográfica. Não faltaram nessa lista autores hegemônicos, como Clint Eastwood e seu "Os Imperdoáveis".
[caption id="attachment_66597" align="aligncenter" width="702"] Clint Eastwood em "Os Imperdoáveis", que o ator dirigiu. Foto: Divulgação[/caption]
Alpendre mostrou, a partir de exemplos concretos, como a palavra pode ser filmada, e como um filme em que as palavras são fundamentais pode ser incrivelmente cinematográfico: "Cinema é imagem, diz o senso comum", explica o crítico. "Mas pode ser palavra também, pois palavra é movimento, e cinema também é movimento."
A participação dos alunos foi, segundo Alpendre, muito produtiva, no sentido de provocar o pensamento: "Nisso o curso se enriquece, pois todos estavam empenhados em observar o encontro entre palavra e imagem em suas diferentes manifestações. Além disso, creio ter descoberto algumas coisas interessantes sobre cinema tanto com as participações dos alunos quanto com ideias que surgem durante a aula, geralmente por estímulos da própria discussão e dos trechos de filmes".