Carolina Maria de Jesus em debate na BVL
01 DE fevereiro DE 2017Após ter saído da comunidade rural onde morava em Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus chega em São Paulo em 1947 e vai viver em uma favela de São Paulo, a do Canindé. Lá ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano das pessoas em cadernos que encontrava no lixo.
Em fins da década de 1950, Audálio Dantas, um jornalista que estava pela região cobrindo um outro assunto, pôs os olhos em Carolina, que gritava: “Saiam ou eu vou colocar vocês no meu livro!”. Daí surgiu a curiosidade em saber que livro era esse e em 1960 os diários de Carolina foram publicados. A obra vendeu mais de 100 mil exemplares. Os vizinhos, entretanto, ficaram muito bravos com ela. Acusavam-na de ter escrito coisas ruins sobre eles e sobre a favela e de ter ganhado dinheiro às custas deles.
Ela foi uma autora prolífica. Escreveu sete romances, 12 peças de teatro, poemas e ainda gravou um disco com cancões dela, Quarto de despejo - Carolina Maria de Jesus cantando suas composições. Um de seus sonhos era ser cantora.
A meteorologista Fabiana Weykamp, 34 anos, participava pela terceira vez de um Clube de Leitura na BVL. "Estou apaixonada pela biblioteca", disse ela. Fabiana descobriu o livro de Carolina Maria de Jesus por meio do clube. Para ela, a obra traz um retrato do Brasil e registra o que é passar fome. "E o texto tem frases poéticas."
Angústia, de Graciliano Ramos, é o tema do Clube de Leitura de fevereiro. O encontro acontece dia 24, à partir das 15 às 17 horas. É gratuito e não precisa de inscrição.