O Leitura ao Pé do Ouvido apresenta O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Escrita em 1517, a obra é uma complexa alegoria dramática classificada como um auto de moralidade por ser uma crítica ao modo como as pessoas se comportavam na época. O autor apresenta a história de mortos que chegam a um porto onde há duas embarcações: uma chefiada pelo Anjo, que conduz ao paraíso; outra comandada pelo Diabo e seu companheiro, levando ao inferno. É neste momento que os personagens devem enfrentar o seu destino. Escute aqui o trecho que selecionamos para você!
Gostou?
Essa leitura pode ser feita em formato digital. Acesse aqui e embarque nessa história!
Trecho lido:
“PARVO Aguardai, aguardai, houlá! E onde havemos nós d’ir ter?
DIABO Ao porto de Lucifer.
PARVO Ha-á-a…
DIABO Ó Inferno! Entra cá!
PARVO Ò Inferno?… Eramá…
Hiu! Hiu! Barca do cornudo.
Pêro Vinagre, beiçudo, rachador d’Alverca, huhá!
Sapateiro da Candosa!
Antrecosto de carrapato!
Hiu! Hiu! Caga no sapato, filho da grande aleivosa!
Tua mulher é tinhosa e há-de parir um sapo chantado no guardanapo!
Neto de cagarrinhosa!
Furta cebolas! Hiu! Hiu!
Excomungado nas erguejas!
Burrela, cornudo sejas!
Toma o pão que te caiu!
A mulher que te fugiu per’a Ilha da Madeira!
Cornudo atá mangueira, toma o pão que te caiu!”