O universo do livro ilustrado com Odilon Moraes
02 DE maio DE 2022No último sábado, 30, a Biblioteca Parque Villa-Lobos recebeu o escritor e ilustrador Odilon Moraes para a edição de abril do Sugundas Intenções, com a mediação do jornalista Manuel da Costa Pinto.
Na primeira parte do encontro Odilon contou como o gosto pela ilustração começou desde o berço, já que o seu pai era pintor amador, mas que foi já na vida adulta, por uma obra do acaso que se aproximou do meio editorial para iniciar a sua carreira como ilustrador ao aceitar o convite de um amigo para apresentar os seus desenhos em uma entrevista.
A partir daí foi dando cada vez mais tempo para a ilustração e entendendo como as imagens podiam contar coisas que as palavras muitas vezes não davam conta. Para Odilon, o poder da imagem e de sua interação com as palavras foi uma descoberta gradual, "comecei a perceber que tinha coisa que eu podia escrever e outras que podia mostrar com imagens", contou.
Imagens x palavras
As interações entre a imagem e a palavra nas diversas possibilidades de publicações ilustradas como os livros com ilustrações, nos quais as imagens descrevem uma cena e não dialogam entre si, o livro ilustrado, nos quais a ilustração é parte da história e os quadrinhos, foram o tema de destaque do debate, permeando quase que a totalidade das duas horas do programa.
Para o público que não possui tanta familiaridade com as diferentes linguagens possíveis da ilustração, as discussões e conceitos apresentados por Odilon foram uma grande aula de iniciação ao tema. O escritor explicou como a imagem sozinha representa um momento, ao reuní-las e contar uma história por meio desse agrupamento, o livro ilustrado transcende essa ideia por meio da fragmentação da imagem, cada uma delas passa a ter a duração da própria história. "A leitura de um livro ilustrado não para no meio", resumiu o autor. Odilon também explorou como o ilustrador pode ser, assim como um cantor, um autor de sua própria obra, ou interpretar a música, no seu caso as obras, de outros compositores ou escritores de modo que um mesmo título pode ganhar tons muito distintos dependendo do seu intérprete, "o ilustrador tem o privilégio de ter sua interpretação estampada na edição do livro", definiu.
O autor também interagiu com o público presente e que acompanhou a transmissão via facebook. A resposta de Odilon à pergunta de uma espectadora, que já havia participado de um curso de ilustração promovido pela Biblioteca Paque Villa-Lobos, sobre o tempo necessário para a produção de um livro demonstrou como o processo criativo é complexo já que ele pode variar de uma noite a dez anos, segundo o autor alguns gatilhos podem juntar ideias que não pareciam ter conexão a princípio, acelerando a produção, assim como a complementaridade entre texto e imagem podem fazer com que elas se encaixem e desencaixem ao longo do processo de construção, fazendo com que a produção perdure por um período maior.
Em maio, no dia 21, o Segundas Intenções da BVL recebe Rodrigo Lacerda, escritor, tradutor e editor.
O Segundas Intenções é um programa de entrevistas mensal, para acompanhar essa e outras edições acesse nosso canal no Youtube.